Reflexões sobre Técnica, Tempo, Emoção, Servidão#
Gosto de reflexões desafiadoras… instigantes e posso dizer, polêmicas…
Milton Santos (2002) sempre nos convida a desafios reflexivos. Ele já nos ensinava que debates inspirados em ideias filosóficas não possuem ideias circunstanciais, por isso, para ele, escrever sobre técnica e tempo, imprime aos escritos a ideia de que não devam ser atacados pelo envelhecimento. Se a técnica é apurada, a descrição e explicação são inseparáveis. Neste sentido, se você escolher um objetivo de fala ou reflexão, falar em objeto sem método é apenas o anúncio de um problema. Quando o autor estuda o espaço e o tempo como objetos, os define como categorias inseparáveis e impregnadas de técnica e emoção.
O lugar tem grande importância e não deve ser desconsiderado. Como ponto de partida, o espaço é definido como sendo um conjunto indissociável de sistema de objetos e sistemas de ações. Precisamos nos atentar ao fato de que os espaços são sistemas de valores e que os objetos agora são criados para parecerem mais perfeitos que a própria natureza. Mundo globalizado, gente alienada, e a racionalidade de fato é a força do capitalismo.
Neste aspecto, o autor ensina que o lugar é, assim, o ponto do recorte territorial. Não há território sem ação técnica, e não há técnica fora de um território. Daí que a técnica só exista como meio-técnico. O homem por meio da técnica interfere e realiza a diversificação da natureza. Modifica e reconstrói a partir de seus interesses, ou necessidades, ou poder!
Esse movimento se dá numa dialética de trocas de posição constantes sobre a qual a ação humana intervém e cujo resultado é o lugar. Essa lógica nos ensina que a história do espaço coincide e se revela na história da técnica, e a configuração geográfica evolui do espaço singular ao espaço recortado, na fragmentação da horizontalidade e verticalidade do mundo global de hoje.
Quem domina o espaço, domina o tempo, o território, as técnicas e as emoções! O poder vincula-se à TÉCNICA, ao TEMPO, a EMOÇÃO e a SERVIDÃO… É o que penso…
Ao final, ou o que nos resta, é abrir olhos e ouvidos, parece que estamos em espaços e tempos construídos meticulosamente para que sejamos subjugados à servidão voluntária. Nela, somos cegos, imóveis, comandados em tudo e em nada… em um sistema organicamente formatado para dominar!
Imagem: Pixaby
Referência: SANTOS, Milton. A Natureza do Espaço: técnica e tempo, razão e emoção. São Paulo: EDUSP, 2002.






